TPC para 30 de setembro

Ler o prefácio de Roger Williams a a Key into the Language of America (1643) aqui e refletir sobre a sua importância e mérito. Ler então sobre as relações entre os nativos americanos e os primeiros colonos  (antologia, p. 47-50) e especule sobre como as intenções professas por Roger Williams podiam ser usadas a favor e/ou contra os interesses dos nativos. 


Comments

  1. No prefácio de Roger Williams em A Key into the Language of America, o autor explica como criou, em 1643, uma "chave" para melhorar a comunicação entre os colonos e os nativos americanos, numa tentativa de contribuir também para uma vida mais pacífica para ambos: "calculated to facilitate communication with them, necessary to peaceful cohabitation". Considero este trabalho inovador para a época e de extrema importância, visto que permite dar voz aos nativos, dando-lhes uma identidade cultural. Apesar da variação dos dialetos, seria agora possível comunicar com milhares de nativos, e espalhar a religião cristã: "spread civility (and in His own compasse) Christianity". Apesar de ser, teoricamente, um grande passo nesta área e demonstrar respeito perante os nativos, penso que esta forma de linguagem possa ter sido utilizada mais a favor dos colonos do que dos nativos. Isto é, as intenções professas por Williams ajudaram à difusão da fé cristã, e a tornar os nativos americanos naquilo que os colonos consideravam que eles deviam ser.

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  2. Em 1643, Roger Williams publicou A Key into the Language of America. Puritano, Williams foi o fundador da colónia de Rhode Island em 1636, após a sua expulsão da colónia de Massachusetts Bay. Com este livro, Williams afirma que irá escrever sobre os nativos, algo esperado de si após ter estado em contacto com eles ("It is expected, that having had so much converse with these Natives, I should write some litle of them."). Como elabora no seu prefácio, a obra irá debruçar-se sobre quatro aspetos da vida dos nativos: os seus nomes, as suas ascendências, os seus costumes e religião e o último ponto sobre o processo da sua conversão para a Cristandade. Não se pode então negar a importância deste livro, ao ter sido a primeira obra que se debruça verdadeiramente sobre as vivências e costumes dos nativos (que apenas é publicada cerca de século e meio depois da chegada de Colombo à América), e que acabaria por ser um contributo importantíssimo para uma melhor compreensão por parte dos ingleses quanto aos povos que habitavam as terras que estes tencionavam colonizar.

    No entanto, há que realçar uma certa desigualdade que uma obra como esta provoca quanto às relações entre os nativos e os ingleses. Sendo um choque de realidades e desenvolvimentos diferentes, acaba por ser evidente uma desvantagem dos nativos face aos ingleses na seguinte questão: o livro de Williams é feito por um inglês para os ingleses, de modo a facilitar um "estudo" sobre os nativos, e nada (ou algo com semelhante impacto) é feito no sentido oposto. Melhor dizendo: por muito desenvolvidos que os nativos fossem em termos estruturais e governamentais nas suas tribos, estes claramente não tinham avanços tecnológicos para conseguir publicar uma obra semelhante à de Williams, na maneira em que seria uma enciclopédia mas sobre os ingleses, e que não tinha a ajuda da imprensa para uma maior divulgação. Seria assim mais fácil para um inglês em Inglaterra perceber como vivia um nativo na América do que um nativo na América saber como vivia um inglês em Inglaterra.

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  3. Talvez esteja a fazer uma leitura errada da obra, e concordando com a perspetiva e os argumentos utilizados pelos colegas acima, gostaria apenas de acrescentar ,que no resto do seu trabalho, Roger Williams revelou acreditar que o rei não tinha o direito de aceitar e conceder títulos de colónias nativas sem pagar pelos mesmos. O mesmo, ao longo da sua vida, interagiu extensivamente com diferentes tribos tanto como missionário, mas também como "amigo" e comerciante; e isto pode ser considerado um "esticão" de pensamento mas, deste modo, este seu ideal poderia ter sido usado para aliviar as tensões entre os nativos e os colonos ingleses relacionadas com as reivindicações e disputas das colónias (incluindo disputas sobre áreas de caça e pesca), apresentando aos ingleses uma perspetiva mais coerente das insensibilidades inter-raciais e invasões culturais. Poderia. até, ter evitado a guerra de Plymouth em 1675, uma vez que esta foi o último esforço dos nativos americanos para impedir o assentamento dos colonos ingleses nas suas terras nativas, e deter a autoridade inglesa de ser reconhecida como a absoluta.

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  4. Em A Key into the Language of America, Roger Williams explica como conseguiu criar uma linguagem para que colonos e nativos se percebessem mutuamente. "The Key", como escreve, permitia que fosse possível comunicar com milhares de nativos e espalhar a fé cristã. Esta comunicação permitiu que se conhecessem e percebessem com mais facilidade e, talvez, alcançar algum tipo de tolerância. Esta foi uma obra de extrema importância, uma vez que foi pioneira na forma como descreve as vivências dos nativos, dando a conhecer aos ingleses um pouco destas pessoas ("It is expected, that having had so much converse with these Natives, I should write some litle of them"). Acredito que esta tentativa de comunicação possa ter beneficiado, em parte, os nativos, visto que lhes foi possível começar a entender coisas que não entendiam antes, "They have often asked mee, why wee call them Indians Natives". No entanto, eram também mais facilmente persuadidos. Talvez o verdadeiro objetivo desta linguagem fosse facilitar a difusão da religião cristã e orientar o comportamento dos nativos, de modo a conseguirem controlá-los como desejavam.

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  5. O texto de Roger Williams pode ser entendido como uma tentativa de proto-antropologia. O seu livro pretende expor a língua e alguns dos costumes/tradições dos Indios de modo a que qualquer colono pudesse entender as diferentes Nações e conviver com estas de forma mais pacífica. Com a ajuda deste livro suponho que os colonos pudessem de facto criar melhores relações, principalmente de partilha de conhecimento ou para comércio. Mas este livro poderia ser importante para evitar conflitos, pois estes tendem a emergir onde não há uma capacidade para comunicação.
    Lendo os textos da antologia percebemos como a falta de conhecimento, da possibilidade de comunicação, levou a que os Indios atacassem as colónias, sem os colonos entenderem, no caso de Jamestown, o que se passava de verdade ou que o objetivo era um eventual ataque, no caso de Plymouth. Podemos assumir que tendo our melhor conhecimento dos modos dos nativos os colonos pudessem ter evitado os massacres que aconteceram.
    Mas é possível olharmos para o texto de Roger Williams como uma verdadeira antropologia avant-garde. Tal como os antropólogos ajudaram os colonizadores em África a melhor liderarem as diferentes comunidades, o conhecimento dos costumes dos Indios poderia levar a uma mais fácil subjugação destes.
    Na página 48 da antologia podemos verificar como Edward Waterhouse indica que antes do Inferno em Jamestown já havia alguma pretensão em relação à conquista das terras que os nativos possuíam, pois apenas por estarem em relações pacíficas é que os colonos mantinham a paz e não tomavam as terras (que Waterhouse menciona serem “fruitfulest ”).
    No caso de Plymouth, podemos verificar que os colonos usavam “espiões”, como Sassamon, para saberem os movimentos dos nativos. Neste caso já vemos um mais hábil uso das relações com nativos para benefício dos colonos.
    Também achei interessante a menção ao modo como eram esquartejados os corpos dos mortos, pois Mary Rowlandson menciona como haviam nativos com dedos de pessoas ao pescoço. Aquilo que para os Colonos parece inimaginável é na verdade um costume dos Nativos.

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